sábado, 2 de maio de 2009

Gene do otimismo



Somos otimistas por causa dos nossos genes ou por que vivemos no país do sol, praia e samba?


Recentemente a revista VEJA fez uma longa reportagem dizendo que genética não é destino. Por outro lado, uma nova pesquisa que acaba de ser publicada na Inglaterra, pela equipe da doutora Elaine Fox, na revista Proceedings of the Royal Society, me chamou a atenção. O estudo conduzido por esses pesquisadores, no Reino Unido, sugere que uma variante no gene transportador de serotonina estaria relacionada com a tendência individual de processar de modo diferencial informações positivas e negativas. Isto é, segundo eles, de ser mais otimista ou mais pessimista.


O gene transportador da serotonina Se analisarmos esse gene na população normal, veremos que existe uma variante - ou alelo - um longo (L) e um alelo curto (C). Isto é, dependendo do alelo que herdaram de pai e mãe, as pessoas podem ser: LL (longo-longo), LC (longo-curto) e CC (curto-curto). Estudos anteriores já haviam sugerido que as pessoas CC tinham maior risco de depressão e tentativas de suicídio quando expostas a eventos traumáticos. Isso foi observado também em macacos CC, que reagiam mais negativamente quando expostos a ambientes de stress. Mas o que a pesquisa da doutora Cox mostrou pela primeira vez foi o comportamento do grupo LL. Quando expostas a figuras positivas (por exemplo, um chocolate) ou negativas (por exemplo, um animal ameaçador) as pessoas do grupo LL diferiam dos outros dois grupos evitando as figuras negativas e fixando-se preferencialmente nas positivas. Isto é, seriam geneticamente mais propensas a evitar situações negativas e valorizar as positivas.


Pessoas com o gene LL teriam maior tendência para serem otimistas?


Sabemos que o comportamento humano depende de uma interação entre os genes e o ambiente, mas de acordo com essa pesquisa, além do aspecto sociocultural poderia haver uma explicação biológica para uma atitude otimista ou pessimista. Isto é, quando expostas a situações adversas os otimistas tentariam enxergar uma saída, enquanto para os pessimistas o horizonte se apresentaria sempre negro. É a famosa situação do copo de água pela metade, visto como quase cheio, pelo otimista, e como quase vazio, pelo pessimista.De acordo com os dados do estudo britânico recém publicado, entre 97 pessoas testadas só 16 eram LL, ou seja, seriam "geneticamente" propensas a ver o mundo mais cor de rosa, enquanto 36 eram CC, ou seja, geneticamente inclinadas a antever um futuro negro. Isto é, a porcentagem de pessoas geneticamente "positivas" nessa amostra de britânicos seria pequena, apenas 16%.


Como seriam os brasileiros? Somos bem humorados graças aos nossos genes? Ou ao ambiente?


Como a nossa população é considerada otimista, fiquei curiosa em saber como seria esse gene aqui no Brasil. Somos mais alegres por causa do sol, da música e do calor humano ou existiria uma razão biológica para esse comportamento? Não foi necessário fazer um novo estudo. Já havíamos pesquisado o gene transportador de serotonina, na nossa população, há alguns anos. Os resultados, levantando agora uma nova questão a partir do estudo britânico, vão ser publicados na prestigiosa revista Molecular Psychiatry.
Testamos 197 brasileiros sem doenças psiquiátricas. E vejam que interessante. Dentre essas 197 pessoas, 78 (quase 40%) são LL enquanto só 32 ( 16%) são CC. Isto é, temos 2,5 vezes mais pessoas com os genes "otimistas" do que a população britânica. O Darwin já dizia que os brasileiros são bem-humorados. Devemos isso, pelo menos em parte, a nossos genes? Ou nada a ver........


Será que isso vai nos tornar mais tolerantes?


Esses estudos precisam ser confirmados em diferentes populações mas me deixaram cismada. Todos nós entendemos que pessoas com diabetes precisam tomar insulina, mas não temos nenhuma compreensão ou simpatia para aquelas que vivem de mau humor, chutando o balde, reclamando do mundo. Será que elas têm a variante "pessimista" no gene transportador da serotonina? Fiquei com vontade de testar todo mundo. E se realmente houver uma associação entre o pessimismo e mau humor com o gene transportador da serotonina? Vamos ser mais tolerantes com os geneticamente "infelizes"?
E você, caro leitor, acredita que os nossos genes influenciam no nosso otimismo, pessimismo ou tolerancia? Ou o nosso "deixa para lá" e a nossa maneira de antever o futuro só dependem de fatores socioculturais ?

Mayana Zatz
Geneticista e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano (USP) email: mayanazatz.ciencia@gmail.com

Genes no combate ao crime

Quem é fã do seriado de televisão CSI (Crime Scene Investigation), exibido no canal AXN, sabe como a genética pode ser útil na solução de crimes. Pedaços de unha, fios de cabelo e até urina – vale de tudo para achar uma amostra do DNA do suspeito e, assim, identificá-lo. Muito do que é mostrado no programa tem correspondência na vida real. A perícia genética não para de avançar. A partir da análise de amostras do DNA, os cientistas já conseguem presumir a idade, a altura, a cor dos olhos, do cabelo e algumas feições do suspeito. Recentemente, a polícia do estado da Louisiana, nos Estados Unidos, prendeu um homem acusado de ser um perigoso assassino serial. Pelos relatos de testemunhas, ele seria branco. No entanto, as amostras de DNA coletadas pelos investigadores diziam – corretamente – que era negro. Há dois anos, a polícia espanhola usou a mesma tecnologia para encontrar o suspeito dos atentados terroristas que destruíram uma estação de trem em Madri, em 2004. O teste genético feito nas amostras de DNA indicou que um dos participantes seria natural do norte da África. Outras provas validaram o resultado: ele era argelino.
Nem todas as investigações que se utilizam do DNA são bem-sucedidas. A genética forense ainda está em seus primórdios. É impossível garantir 100% de exatidão nos resultados, principalmente nos testes que deduzem a etnia do suspeito. Isso porque os testes não funcionam em pessoas com diversas origens étnicas. "Há uma perigosa tendência a fazer correlações entre etnia, crime e predisposição genética", alerta Pamela Sankar, professora de bioética da Universidade da Pensilvânia. Por isso, antes de acusar alguém, sejam as provas genéticas ou não, vale a máxima de que todo o cuidado é pouco.



Arte & Immagini Srl/Corbis/Latinstock
by revista veja

OS GENES DO BOM SENSO

Por que não temos cinco pernas

Divulgação Channel 4


OS GENES DO BOM SENSO

Feto de elefante no útero: em todas as espécies, mecanismos atuam para que os padrões adquiridos durante a evolução não se desvirtuem


Embora bastante investigados, os mecanismos que levam à concepção de um ser humano ainda guardam mistérios para a ciência. Durante os nove meses de gestação, o zigoto, célula única que resulta da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, divide-se paulatinamente até se transformar nos 100 trilhões de células que formam os 220 tipos de tecido do corpo humano. O que ainda intriga os cientistas é como essa divisão se dá de modo tão organizado que o resultado é um bebê com dois olhos, dois ouvidos, dois braços, duas pernas – tudo sempre no mesmo lugar e distribuído de forma simétrica. O que impede que um zigoto produza aleatoriamente um ser com pés nos ombros e nariz no umbigo? Essa é uma das questões centrais da embriologia, ramo científico que estuda o desenvolvimento fetal.


Há muito os cientistas sabem que o ambiente uterino atua de modo a evitar que as informações genéticas embaralhadas dentro do zigoto produzam seres monstruosos. Mas só recentemente se descobriram pistas concretas sobre como isso acontece. A principal delas está nos homeobox, um grupo de genes classificados como controladores. Eles agem acionando outros genes para induzi-los a determinado comportamento, seja produzir um rim, seja colocar os olhos no lugar certo. Dessa maneira, garantem a manutenção dos padrões resultantes do processo evolutivo. "Esses genes mantiveram-se praticamente intactos durante a evolução. São eles que ensinam aos outros genes o caminho a seguir para dar continuidade às espécies e não deixam a receita da vida se perder pelo caminho", diz o geneticista Emmanuel Dias-Neto, da Universidade do Texas. O homem tem cerca de 100 genes homeobox – outros mamíferos, répteis, insetos, plantas e fungos também os possuem.


Começou-se a descobrir o papel dos genes homeobox a partir do estudo de anormalidades em embriões e em recém-nascidos. Mutações nesses genes são a principal causa de abortos espontâneos e de mudanças visíveis no fenótipo de um ser humano, como a mão com seis dedos em vez de cinco. Os genes homeobox são provavelmente apenas uma de inúmeras famílias de genes controladores. Falta descobrir as outras.
by revista veja

hereditariedade e as doenças heretidarias

Compreendendo a hereditariedade e as doenças hereditárias

Para compreender como algumas doenças podem ser passadas de uma geração a outra, a pessoa deve primeiro compreender o papel que os genes desempenham na determinação da forma e da função de cada célula no corpo.

Os genes são as unidades básicas que determinam as características hereditárias de um organismo. Os genes, que são compostos de moléculas de ácido desoxirribonucleico (DNA), podem ser imaginados como instruções químicas. Cada gene, de acordo com a estrutura específica de sua molécula de DNA, contém o código de uma característica específica que determina o que uma célula é e como ela funciona (como se um programa de computador não apenas dissesse ao computador o que fazer, mas também ajudasse a formá-lo).

Dentro de cada célula, milhares de genes estão conectados em uma ordem específica, como as contas de um colar, para formar estruturas chamadas de cromossomos (que são, basicamente, filamentos contínuos de DNA). Foi estimado que cada célula contém cerca de 1,5 metro de filamentos de DNA enrolados, e que cada filamento é formado de cerca de 100 mil genes.

A composição específica dos genes e sua distribuição nos cromossomos se constituem no projeto genético de cada indivíduo. As células que se desenvolvem no fígado, em vez de serem células sangüíneas ou fibras nervosas, por exemplo, fazem isso porque o seu código genético manda que elas ajam como células do fígado. Assim, as células do corpo são programadas para criar uma pessoa com cor de olhos e cabelo específicos, assim como milhares de outras características que fazem com que cada ser humano seja único.

Células sexuais (gametas)

Cada célula no corpo humano contém 46 cromossomos. As únicas exceções são os gametas (o óvulo e o espermatozóide), já que cada um contém apenas 23 cromossomos. Quando esses gametas se unem na fertilização do óvulo pelo espermatozóide, o resultado é uma célula com 46 cromossomos e genes herdados tanto do pai como da mãe. Já que cada um dos pais contribui com apenas 23 cromossomos (metade do código genético que faz cada um dos pais um indivíduo único), o mapa genético de seu filho é uma mescla de componentes do código genético dos dois.

Características dominantes e recessivas

As características que os genes originam podem ser dominantes ou recessivas. Um gene recessivo produz uma característica específica somente se seus efeitos não forem cancelados pelas características de um gene dominante.

A cor dos olhos nos dá uma ilustração relativamente direta sobre como a hereditariedade de características funciona. O gene para olhos castanhos é dominante, enquanto o gene para olhos azuis é recessivo. O filho de um pai com olhos castanhos e que tem dois genes para olhos castanhos e uma mãe com olhos azuis (obrigatoriamente deve ter dois genes para olhos azuis) terá olhos castanhos, já que o pai de olhos castanhos possui apenas genes dominantes dessa cor para passar ao mapa genético da criança. Contudo, se o pai de olhos castanhos tiver um gene dominante para olhos castanhos e um recessivo para olhos azuis, a criança tem uma chance de 50% de receber um gene para olhos azuis de ambos os pais e, por isso, ter olhos azuis (na verdade, a hereditariedade nem sempre é assim tão simples. Algumas vezes, o filho de pais de olhos castanhos e azuis acaba nascendo com olhos verdes ou castanho-claro).

A união de duas pessoas de olhos azuis, já que envolve apenas genes recessivos para essa cor de olhos, sempre irá produzir filhos com olhos azuis.

O filho de pais com olhos castanhos, mas que têm um gene recessivo para olhos azuis, terá 25% de chance de receber um gene de olhos azuis de ambos os pais e, como resultado, ter olhos azuis (essa última combinação ilustra como os genes recessivos podem estar presentes sem nem mesmo percebermos, permitindo que uma característica apareça inesperadamente depois de pular algumas gerações).

Mutação

Os genes normalmente são transmitidos de uma geração para a outra sem alteração. No entanto, há momentos em que ocorrem mutações, ou seja, a estrutura do gene se altera, talvez devido ao efeito de uma substância tóxica, de uma infecção ou de exposição à radiação. Os filhos que recebem um gene com mutação irão exibir uma característica que não está presente em nenhum dos pais.

O descobrimento da estrutura da molécula de DNA deu início a uma nova era nas pesquisas médicas. Os cientistas do campo da engenharia genética estão explorando maneiras de criar mutações genéticas artificiais para que um dia possamos corrigir os erros do código genético responsáveis por várias doenças.

Aconselhamento genético

Conforme os médicos vêm aprendendo mais sobre doenças hereditárias, tornou-se possível oferecer aconselhamento genético a casais preocupados com a possibilidade de ter uma criança com doenças ou anomalias hereditárias. O aconselhamento genético é fornecido por um especialista em distúrbios genéticos. Ele pode estimar a probabilidade de o filho de um casal ser afetado por um problema devido a uma característica hereditária ou à idade dos pais. Há testes que podem determinar se um ou os dois pais são portadores de alguns desses distúrbios ou detectar se algum problema está presente em um feto.

just to relax xD by Adão iturrusgari


sábado, 11 de abril de 2009

DNA


A (primeira) descoberta do DNA

Postado por Alysson Muotri em 29 de agosto de 2008 às 12:01
São realmente poucos os que lembram quem descobriu o DNA. Mesmo entre biólogos moleculares, é difícil encontrar um que saiba. Acho que a razão disso foi o tremendo impacto que a estrutura da molécula, revelada por Watson e Crick na década de 1950, trouxe para a biologia. O descobrimento da estrutura do DNA ocultou por completo a história de sua própria descoberta, 75 anos antes.

Foi em 26 de fevereiro de 1869 que o suíço Johann Friedrich Miescher escreveu uma carta para seu tio relatando sua nova descoberta, na Universidade de Tübingen, na Alemanha. Friedrich, como era conhecido, descobriu uma substância que estava presente no núcleo de todas as células, e que possuía uma característica química diferente das proteínas ou outro componente celular conhecido. Sem saber do valor desse achado, o jovem médico iniciou uma das maiores revoluções científicas, que, anos mais tarde, iria mudar completamente a compreensão do conceito de vida, além de promover inúmeros avanços médicos.

Friedrich nasceu numa família de cientistas, em 1844, e foi exposto desde cedo a conceitos e debates científicos. Nesse contexto, não foi novidade que ele desenvolvesse uma atração pelas ciências naturais. Mas, como era costume na época, Friedrich formou-se médico primeiro, aventurando-se depois na ciência básica, principalmente na bioquímica. Essa inclinação foi influenciada por um tio, professor de fisiologia na Universidade de Basiléia, na Suíça, que acreditava que as questões relacionadas com o desenvolvimento dos tecidos somente seriam resolvidas com base química.

Friedrich começou a trabalhar sob a supervisão de um famoso químico na época, Felix Hoppe-Seyler, que o encarregou de caracterizar a composição química das células. A idéia era utilizar linfócitos, células do sistema imune que estão presentes no sangue, usadas no laboratório de Hoppe-Seyler. Infelizmente, era difícil conseguir grandes quantidades desse tipo celular para análises químicas. Friedrich decidiu então tentar leucócitos, outra célula do sangue, que ele conseguia em abundância no pus. As células eram isoladas de curativos purulentos de um hospital da cidade (lembre-se de que não haviam anti-sépticos, e o que não faltava era machucado cheio de pus!).

Depois de padronizar as condições para isolar células, Friedrich começou a caracterizar as proteínas. Logo percebeu que a complexidade protéica era enorme. Como muitos na época, ele acreditava que entenderia como a célula funcionava caracterizando a diversidade protéica. Numa de suas tentativas, Friedrich descobriu uma substância com propriedades únicas: conseguiu precipitá-la com ácidos e, ao ser dissolvida novamente, tornava a solução alcalina. Essa deve ter sido a primeira purificação de DNA da história. Mais interessante ainda, a substância parecia estar totalmente localizada no núcleo celular, uma estrutura de intenso debate científico naquele momento. Friedrich batizou o novo composto de “nucleína”. Vale lembrar que, mesmo sem saber qual a real função do núcleo da célula, outro biólogo alemão, Ernst Haeckel, já havia proposto que ele continha os fatores da hereditariedade. Isso três anos antes da descoberta de Friedrich.
Essa discussão toda sobre o núcleo celular estimulou Friedrich a aprimorar os métodos de purificação da nucleína. Conseguiu isso digerindo os lipídeos com álcool e as proteínas com pepsina, uma enzima que degrada proteínas, abundante no estômago de porcos. Pois é: lá foi ele isolar pepsina e, tratando a nucleína, demonstrou que realmente a substância não era mesmo de origem protéica. A caracterização química da nucleína revelou que ela continha carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, além de grandes quantidades de fosfato (algo raro nas moléculas orgânicas caracterizadas na época). Com isso, Friedrich se convenceu que tinha em mãos algo original. Próximo passo: publicação!

Quando o manuscrito de Friedrich ficou pronto, ele já estava num outro laboratório. Mesmo assim, decidiu que publicaria os achados na revista científica cujo editor era Hoppe-Seyler, seu antigo supervisor. Ironicamente, Hoppe-Seyler decidiu não publicar os resultados da pesquisa antes de comprovar por si próprio os achados de Friedrich. Essa atitude ocorreu porque naquele momento, o laboratório de Hoppe-Seyler estava sob suspeita, pois outros experimentos não estavam sendo duplicados. Além disso, o fato de Friedrich ter sido um ex-aluno fez com que Hoppe-Seyler fosse ultra-rigoroso com o trabalho.

Pra piorar, os resultados iniciais de Hoppe-Seyler não replicaram totalmente os achados de Friedrich. Obviamente, as condições ideais tinham que ser restabelecidas, e isso levaria tempo. Levou quase dois anos! Em 1871 o trabalho foi finalmente publicado, com um título nada atraente: “Composição química das células do pus”. No mesmo jornal, dois outros artigos de Hoppe-Seyler, confirmando a descoberta e purificando a nucleína em outros tipos celulares de diferentes espécies, foram publicados. Agora com seu próprio laboratório, Friedrich tinha que competir com Hoppe-Seyler, que se interessou em continuar as pesquisas com a nucleína. É incrível como essas histórias são tão atuais!

Enfim, Friedrich não desanimou e decidiu estudar a nucleína nas células germinativas (como os espermatozóides e os óvulos), afinal ele tinha grande interesse em hereditariedade e desenvolvimento dos tecidos. Logo percebeu que o esperma era rico em nucleína e, portanto, uma ótima fonte para seus estudos bioquímicos. Friedrich aproveitou-se do fato de estar perto de uma companhia que pescava e comercializava salmões. Tinha acesso a salmões frescos e começou a usar esperma de salmão como fonte de nucleína, aprimorando rapidamente seus protocolos de isolamento.

Vale notar que nessa época, aconteciam intensos debates na comunidade científica sobre como o embrião se desenvolvia e como funcionava a hereditariedade. Num de seus artigos, Friedrich escreveu que a nucleína poderia ser um dos responsáveis pelo processo de fertilização, mas não acreditava que seria capaz de transmitir características hereditárias. Como a maioria naquela época, Friedrich estava convencido que as proteínas eram responsáveis pela hereditariedade.
Chegou a especular que as diferenças atômicas entre as proteínas poderiam gerar a diversidade esperada para todas as formas de vida. Foi mais além, dizendo que, durante o desenvolvimento embrionário, a fusão da informação das duas células germinativas eliminaria eventuais erros nas proteínas. Essa visão parece antecipar o conceito genético de alelo, onde um gene defeituoso do pai pode ser compensado pela presença do gene correto da mãe e vice-versa.
A continuação das pesquisas de Friedrich foi intensa, e eu precisaria de uma outra coluna só pra falar dela. A determinação dele como cientista foi notável, mas foi também responsável pela sua morte. Ficava cada vez mais tempo no laboratório, isolado socialmente, dormindo pouco e exausto, até que contraiu tuberculose. Morreu com apenas 51 anos. Após sua morte, seu tio e admirador publicou uma compilação de seus trabalhos. Escreveu na introdução que os achados de Friedrich não seriam esquecidos com o tempo, mas que suas idéias seriam sementes para futuros frutos científicos. Mal sabia ele…

PS: Segue um protocolo simples para a extração do DNA usando produtos de cozinha. O principio ainda é bem parecido com o de Friedrich.




As dez mais mais do Dr bactéria


O Dr bactéria elegeu as dez mais pergutas feitas à ele,Digamos que elas servem como um guia, não só esclarecendo as dúvidas mais freqüentes que as pessoas têm

Agora, sem mais delongas, vamos às "dez mais mais".

1. Latinhas de refrigerante e cerveja podem causar a leptospirose?
Teoricamente sim. Um roedor doente com Leptospirose urinando sobre latas pode contaminar esses materiais com a bactéria Leptospira interrogans, que tem grande capacidade de sobrevivência no meio ambiente. No contato com a mucosa bucal, mesmo íntegra, pode ocorrer a penetração da bactéria e subseqüente doença. As latas têm de ser lavadas -- ou use canudos.

2. Como preparar um churrasco sem riscos?
Descongelar na geladeira. Retirar as carnes aos poucos da refrigeração. Utilizar placas de corte de plástico, uma para carnes cruas, outra para carnes assadas. Assar totalmente frangos, suínos e derivados.

3. Por que não devemos colocar ovos na porta da geladeira?
Os ovos são perecíveis. O local da geladeira que mais sofre variações de temperatura é a porta (devido ao abre e fecha). Os ovos não podem sofrer trepidação, comum na porta. Não coloque alimentos perecíveis na porta. O problema é a Salmonella.

4. Por que não devemos dar mel a crianças menores de 1 ano?
Menores de 1 ano não possuem uma flora bacteriana intestinal protetora contra patogênicas (ex. Cl. botulinum). O mel pode abrigar essa bactéria. 5% do Botulismo infantil é ocasionado pelo mel. Os maiores de 1 ano já possuem essa flora, então não há riscos.

5. O que fazer para evitar o botulismo no palmito?
O palmito pode conter esporos de Clostridium botulinum. Quando em condições boas, como em latas, podem produzir toxinas (veneno), ocasionando o botulismo. Esse veneno não resiste a temperaturas altas. A fervura por 10 minutos elimina o perigo.

6. Como higienizar hortaliças?
Coloque na geladeira logo após a compra (1 a 2 horas). Retire, separe as folhas ruins. Lave, folha a folha, em água corrente. Imergir em uma solução de 8 gotas de detergente neutro + 1 litro de água. Enxaguar. Imergir em solução de cloro (1 colher de sopa de água sanitária por 1 litro de água) por 10 minutos. Enxaguar em água potável. Servir.

7. Quais são os principais grupos de risco para pegar doenças veiculadas por alimentos?
Crianças menores de 5 anos, idosos maiores de 60, mulheres grávidas e imunodeprimidos (pessoas com câncer, AIDS, transplantados, em pós-operatório etc.) , não devem comer alimentos crus ou semicrus. Para outras pessoas o risco é baixo, mas existe.

8. Por que não devemos tampar alimentos na geladeira?
A geladeira é uma fábrica de vento gelado. Você precisa dar condição para que esse vento entre em contato com o alimento e roube o calor dele. Após 1 a 2 horas, esse vento já teve ação, pode fechar ou tampar.

9. O microondas pode deixar resíduos nos alimentos?
O microondas possibilita uma agitação das moléculas de água. Essa agitação gera atrito e calor. Desligando o microondas, as moléculas de água param, não ficando resíduo.

10. Esponjas representam uma fonte de contaminação na cozinha?
Realmente, a esponja é um foco de contaminação. Após cada utilização, lavar com água e sabão, espremer bem, imergir em uma solução de 1 litro de água + 2 colheres de sopa de água sanitária, por 5 minutos. Guardar em lugar seco, nunca sobre o sabão. Trocar pelo menos a cada semana.